Ele é, na verdade, filho de Cristina Navajas e Julio Santucho, ex-membros da organização Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT), guerrilha que lutava contra a última ditadura militar do país sul-americano.
“Se parece muito comigo, me lembra eu quando tinha sua idade”, completou. A mãe do neto 133, Cristina Navajas, foi sequestrada pela ditadura quando estava grávida e segue desaparecida desde julho de 1976.
Já a avó do neto nº 133, Nélia Navajas, morreu em 2012 sem encontrar nem o neto, nem a filha. Ela foi uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio e contou com a ajuda do irmão do neto desaparecido, Miguel “Tano” Santucho, que liderou as buscas do irmão e da mãe. “É um dos momentos mais luminosos da minha vida. Me custa acreditar que estou vivendo isso”, comentou o irmão do neto encontrado esta semana.
A presidente das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, de 92 anos, comemorou mais essa vitória da organização. “Encontrar outro neto, devolver seus direitos, sua identidade, nos enche de felicidade”. A líder das Avós acrescentou que a organização segue de braços abertos “para receber e seguir encontrando os netos que faltam”.
Em comunicado, as Avós da Praça de Maio informaram que o neto 133 foi registrado como filho de um integrante das forças de segurança argentinas e uma enfermeira, em 24 de março de 1977. Desde jovem, tinha dúvidas sobre a própria identidade.
A irmã adotiva mais velha foi quem o alertou de que não era filho biológico dos pais que acreditava ter. “Em duas oportunidades, enfrentou o apropriador para saber a verdade, mas o homem sustentou sempre ser seu pai biológico”, afirma a organização.
Ao procurar as Avós da Praça de Maio, o neto nº 133 pôde fazer um exame de DNA que confirmou a sua verdadeira identidade.
Segundo o Ministério da Justiça e Direitos Humanos da Argentina, ainda existem mais de trezentas pessoas de cerca de 45 anos, nascidas entre 1975 e 1983, que seguem desaparecidas. As Avós da Praça de Maio calculam que cerca de 500 bebês de presos políticos da ditadura argentina foram sequestrados, tendo sido entregues a famílias de militares, abandonados em instituições de caridade ou vendidos.