Após tentativa de remoção do fluxo de usuários de drogas no último final de semana, uma confusão ocorreu na tarde de hoje (11) no centro da capital paulista, na região onde atualmente se encontra parte da chamada Cracolândia.
Vídeos que tem circulado nas redes sociais mostram usuários de drogas correndo pelo centro de São Paulo, depredando ônibus e saqueando um caminhão.
A Agência Brasil procurou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo para obter mais informações sobre a ocorrência. No início da noite de hoje, a SSP respondeu à reportagem que ao menos três ônibus e um caminhão coletor de lixo foram danificados na confusão e que um cobrador [de um coletivo] ficou ferido ao tentar sair do local. A nota da secretaria informa que duas pessoas foram presas após depredarem ônibus. Segundo a secretaria, o policiamento foi reforçado na região e a Polícia Civil investiga os fatos.
Na noite de sábado, a Cracolândia foi alvo de uma operação envolvendo a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar (PM). A ação fez os grupos se deslocarem para debaixo de um viaduto próximo à Marginal Tietê. Mas, já no domingo, eles deixaram o local e voltaram a se dispersar pelas ruas do centro da capital.
Procurada pela Agência Brasil, a SPTrans, que administra o sistema de transporte público de ônibus na capital paulista, informou que seis ônibus foram atacados hoje (11), por volta das 13h, na região central de São Paulo. “A SPTrans mantém contato com a PM em relação às ocorrências de violência no transporte público e esclarece que todos os registros que recebe de usuários são comunicados ao setor de inteligência das autoridades policiais”, diz nota.
Também procurada pela reportagem, Roberta Costa, ativista do movimento Craco Resiste, reforçou que o que tem ocorrido no centro da capital é resultado das muitas violências que tem sido praticadas frequentemente pelo Estado contra essa população mais vulnerável.
“Essa movimentação, por exemplo, que levou o fluxo de usuários para perto da Marginal [Tietê], foi uma movimentação em que pegaram centenas de pessoas, várias com mobilidade reduzida, fazendo-as andarem por quilômetros e ninguém faz isso sem força ou abuso policial muito grande. Tanto que ninguém [prefeitura ou governo estadual] está querendo assumir essa operação. Tivemos relatos de pessoas que vivem no fluxo que disseram que se sentiram indo para uma câmera de gás. Estavam todas as ruas laterais fechadas e que, se tentassem sair, o cordão policialesco os empurrava e eles apanhavam”, disse.
A Cracolândia é o nome popular dado a uma região no centro da capital paulista que era ocupada por usuários e dependentes de drogas. Durante 30 anos, o fluxo vivia no entorno da Praça Júlio Prestes, na região da Luz, no centro da capital. Em março do ano passado, eles migraram para a Praça Princesa Isabel e permaneceram nesse local até maio, quando foi realizada uma grande operação policial que terminou com a morte de um homem. A partir daí, o fluxo se dispersou pela região central da capital. Desde então, as operações policiais têm sido frequentes para continuar dispersando os usuários que tentam se concentrar em alguma rua central.
A polícia e o governo paulista defendem que dispersão facilita a abordagem aos usuários. Especialistas, no entanto, tem criticado as operações policiais, dizendo que elas não resolvem o problema e aumentaram a violência no centro da capital.