A criação do Super Centro Carioca de Cirurgia é parte de um programa anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fevereiro, cujo objetivo é reduzir as filas de cirurgias eletivas, exames e consultas especializadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Para ter acesso aos recursos, cada estado elabora o seu plano de ação, que fixa as prioridades conforme a realidade local.
Com 13 salas cirúrgicas, o Super Centro Carioca de Cirurgia é resultado de uma reforma e ampliação do antigo centro cirúrgico do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. Equipado com aparelhos de alta tecnologia, o espaço tem uma área total de 930 metros quadrados.
Soranz disse que a inauguração do Super Centro Carioca de Cirurgia é mais uma etapa da recuperação do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, iniciada durante a pandemia da covid-19.
"Esse hospital estava praticamente fechado. A gente tinha menos da metade funcionando. E foi por uma decisão do prefeito Eduardo Paes que a gente investiu aqui para recuperar essa unidade que é tão importante para cidade do Rio de Janeiro. E agora a gente conclui um processo de transformação. A gente deixa de fazer somente o atendimento clínico e vamos focar nas maiores filas do sistema. Esse hospital vai ser responsável por 20% de todas as cirurgias que são feitas na cidade do Rio de Janeiro", disse o secretário.
Reformas também foram realizadas nos ambulatórios do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. Em média, podem ser realizados 17 mil atendimentos por mês em mais de 20 especialidades. Segundo a ministra Nísia Trindade, populações de outras cidades, além da capital, também serão atendidas. "Esses hospitais têm que estar também direcionados para as necessidades do município e do estado. É assim que nós vamos trabalhar. Temos que trabalhar juntos", disse a ministra.
O prefeito Eduardo Paes avaliou que a retomada dos investimentos federais em saúde, liderada pela ministra, foi determinante para tirar do papel o Super Centro Carioca de Cirurgia. "Mesmo com toda a minha boa vontade, as minhas boas intenções e o meu coração sensível, mesmo com a capacidade de gestão do Daniel Soranz e do time todo, se não tiver apoio do governo federal, se não tiver programa e política pública federal, a gente não poderia estar inaugurando isso aqui".
Paes também anunciou que uma nova unidade será inaugurada futuramente. "O que eu mais ouvia na minha campanha era sobre a fila de cirurgia e de consultas especializadas. Cada história dramática. Uma coisa simples do ponto de vista da saúde que eu tenho desde 17 anos é o cálculo renal. Eu fico imaginando alguém com aquela dor louca esperando atendimento no sistema público. Acho que a gente conseguiu avançar nisso. O Super Centro é um sucesso. E já quero anunciar aqui que vamos fazer o Super Centro da zona oeste".
Com recursos do mesmo programa federal, o Rio de Janeiro já havia inaugurado o Super Centro Carioca de Saúde, no bairro de Benfica, também na zona norte da capital fluminense. O local está voltado para atendimentos de especialistas em diversas áreas como angiologia, cardiologia, neurologia, dermatologia, ginecologia, ortopedia e urologia, entre outras. Também são oferecidos serviços de exames, incluindo endoscopia, colonoscopia e ressonância magnética. Foi estruturado ainda um centro oftalmológico, para enfrentamento da fila de cirurgias oculares não apenas da capital mas também de outros municípios fluminenses.
A expectativa do presidente Lula é garantir que a população mais pobre tivesse acesso a médicos especialistas e cirurgias complexas. "O pobre até tem acesso ao centro de saúde para fazer a primeira consulta. Mas quando o médico pede para ele visitar um outro especialista, ele espera oito meses, nove meses, um ano. Às vezes morre sem ter o atendimento", disse o presidente em fevereiro quando lançou o programa.
Durante a inauguração do Super Centro Carioca de Cirurgia, Nísia Trindade anunciou ter chegado a um acordo com Daniel Soranz, para que a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro destine, na modalidade de coparticipação, 300 vagas ao Mais Médicos. Trata-se de um programa voltado para combater a carência de profissionais no interior e nas periferias das grandes cidades que vigorou entre 2013 e 2019, quando foi extinto pelo governo de Jair Bolsonaro. Em março desse ano, ele foi relançado pelo presidente Lula.
No mês passado, foi anunciada a abertura de 10 mil novas vagas na modalidade de coparticipação. Nessa modalidade, o Ministério da Saúde repassa aos estados e municípios os valores referentes à saúde básica já subtraídos do custo da bolsa-formação dos médicos. Os gestores locais são responsáveis por garantir o pagamento do auxílio-moradia e da alimentação. Todas as demais despesas do programa ficam a cargo do Ministério da Saúde.