Os ataques em Brasília foram realizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que não obteve sucesso em sua tentativa de reeleição. Grupos que não aceitaram a derrota já vinham mantendo, desde o fim do ano passado, acampamentos em frente a edifícios do Exército em diversos estados do país e clamavam por uma invervenção militar.
A designer Caroline Thompson conta que ficou abatida assistindo às cenas de destruição dos edifícios situados na Praça dos Três Poderes.
"O que aconteceu ontem me deixou mal. Me deu uma tristeza grande. Eu não conseguia sair da cama. Quando vi a convocação para este ato, eu tinha que vir. Eu não aceito o que estão tentando implantar no Brasil. Não aceito violência, não aceito fascismo. O governo foi eleito e todos precisam aceitar", contou a manifestante.
Caroline disse esperar que seja feita uma rápida investigação para cobrar, inclusive financeiramente, os responsáveis pela destruição. "Alguém financiou esses atos terroristas. E as pessoas que financiaram precisam ser responsabilizadas. Eles que têm que pagar por todos os danos".
No carro de som, havia bandeiras de entidades sindicais, de organizações estudantis e de outros movimentos sociais. Lideranças se revezavam ao microfone. De tempos em tempos, a principal frase de ordem do ato era entoada em coro pelos presentes: "sem anistia".
O estudante Pedro Paulo Pereira manifestou-se surpreendido com a mobilização.
"Não esperava tanta gente. Afinal de contas tudo aconteceu de forma muito repentina. O ato foi organizado muito em cima de hora e mesmo assim está sendo muito bem sucedido. É uma demonstração de força de todos os movimentos democráticos que não vão aceitar que vândalos bolsonaristas deprendem Brasília como fizeram. É preciso mostrar a união de todos os que respeitam o resultado das urnas", avaliou.
Para Pedro, parte das pessoas que se dirigiram à Brasília foram manipuladas. "Penso que havia gente lá que acreditava que seria uma manifestação pacífica. E ao mesmo tempo, haviam pessoas querendo quebrar tudo. Então espero que o governo e as forças de segurança tenham muita sabedoria para encontrar os principais responsáveis e para desmobilizar esses grupos".